quarta-feira, 18 de abril de 2012

As crônicas de Táviano



                                            Fala ai mudinho


Esses dia atrás eu tive que ir lá na prefeitura pra marca um inxame pra Carminha faze lá na capitar. Cheguei lá e fui intrano naquele prédio grande que agora nem chama prefeitura mais é centro administrativo, passei pela entrada e sigui pela aquele curredor cumprido que tem lá.  
_Onde é a cicritaria de saurde? Pirguntei pra moça que fazia a faxina, e que não era tão moça assim.
_É logo ali, sala 22. Ela falo. Intão eu sigui a diante.
Sala 9, sala 11 eu falava suzinho. Sala 20, sala 22. intrei e fui ate um das moças que tava de trás dos cumputador e disse:
_Bom dia proseis.
_ Bom dia. Ela rispondeu, a moça era bunita do oio verde e a boca grande. _O que o senhor deseja.
_Eu quero marca esse inxame pra minha muie a Carminha que o medico mando prela faze lá em Belozonte. Ela pego o paper na minha mão oio pra ele e disse:
_Ocê pode sentar ali, que a moça que marca inxame já deve de ta vortano do armoço dela. O senhor é o sigundo ta.
_Ta eu rispundi e fui sentar que nem a moça bunita mando. Sentei bem do lado de um rapagote que tava ali. _Bom dia pro cê. Eu disse e o rapaz só me oio. _Bom dia pro cê moço. Ele só me oio de novo e não falo nada. “i que moço istranho eu pensei.” Intao eu cumeçei a oia os cartaz que tava ali, só que toda vez que eu oiava pro rapaz, ele oiava pra mim também. _Cê vai marca inxame? Eu pirguntei pra ele, mas ele só me oio e não rispondeu de novo. Ai u sangue cumeço a subi nas minha venta. “Se ele me oia di novo e não fala nada eu vô senta esse canivete nele.” Eu havia parado de pita a muito tempo atrás pucausa deles fala que o pito mata agente, mas ainda carregava um canivete na gibera da carsa. Não sei se oseis sabe, mais as moças gosta desses caboco que carrega canivete na cintura.
Eu fiquei oiano lá pra porta um tempão só pra vê se ele parava de oia pra mim, mas quando eu oiei pra ele de novo ele tava incaradim nimim, ai eu num guentei.
_U que se ta oiano, se nunca viu eu não? Falei bravo cum ele, e ele só oio pra me, intão eu livantei da cadera e falei ca mão na gibera: _ Vô mostra procê rapaz u que, que é fica oiano pra mim. Ai a moça que tava lá no cumputador falo:
_Ele num iscurta não sinhor, ele é mudo e surdo.
_Ha intão é puriço que ele ta caladim. Eu falei. _Discurpa intão. Oia só procê vê, quase que eu ranjo cunfusao com o mudim atoa, mas ele tinha que fala que não sabe fala pra gente não fica pensano bestage. Dispois daquela cunfusão toda eu vortei pra minha cadera e sentei, ai me deu uma vontade de sorta um pum. Minha barriga deu um reverterio danado caquele nervosismo todo queu fiquei. Ai eu pensei. “Vô sorta aqui memo e coloca a curpa no mudim, já que ele não iscurta memo” E assim eu fiz.
 O trem saiu quente inte ardeu as berada do meu negocio. “Esse vai fede.” Na noite passada eu tinha cumidu uns dês ovo de codorna que a Carminha preparo pra mim, ela disse que eu tava pricisano, e aquilo tava dano um retorno brabo e foi um desses que eu sortei lá, ai intão as moças que tava trabaiano cumeçaram a cosa o nariz disfarçano. Ocê já viu cumo é que as pessoas fica quando argúem fais uma bestera dessa no meio do povo, todo mundo fica caladim. É quinem eles fala, à galinha que canta primero é a dona dos ovos, por isso todo mundo fica assoprano pro nariz, mas míngüem fala nada.
Cinco minuto dispois a catinga ainda num tinha saído da sala, ai a maço dos oio verde num guento mais e falo:
_Pelamo de deus gente, quem quise faze isso di novo vai lá pra fora por favor. Ai eu oiei pra ela e falei:
_U rapais aqui ta podri, parece inte que ele cumeu um rubu. A moça tinha falado cumigo que ele era mudo e surdo, mas eu acho que surdo ele num era não, porque na hora que eu falei aquilo ele cumeço a rismunga.
_umumumumuu uuuuuu uu   u u u mumumumumu. Eu num intindi nada daquela prosa dele, ai intão eu pirguntei:
_Cê que u que? Sabe onde é u banhero? Ai u mudim rismungo de novo, só que dessa vez ele rismungo mais arto e tava mais brabo tamem.
_umumumumumu mumumu uumumuuuumu uuuum uuuummmumumu. Ele livanto da cadera e cumeço a balança os braço e ponta o dedo pra mim. Ai eu falei di novo:
_Não moço precupa não, todo mundo fais isso. Rapais aquele mudim fico uma frera quando eu falei aquilo, ele vuo pra cima deu e as moça vei me juda, teve inte que chama os sigurança. U mudim fico bravo memo. E eu fiquei foi rinu dele, ele mim fez raiva agora eu fiz raiva nele. di tanto ri, cabei foi sortano otro pum, ai todo mundo cumeço a sopra pro nariz invés de me juda.
_Sorta mudim, sorta. Ex falava quele e soprava pru nariz e ele só rismungava:
_Uunununununumuumumuum.
Até hoje eu tenho que corre do mudim quando topo quele na rua , riririririr.
 

                                                                                                                 Betinho
  

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