sábado, 31 de março de 2012

As Crônicas de Táviano



                                                          Interneta


Vô conta uma coisa pro seis. A vida hoje im dia, é muito mio que antes. Nu tempo que eu era rapaizim Nova Serra num era nem asfartada, era um pelejo só pra gente ruma namorada, tinha que fica de tucaia isperanu as moça sai de casa pra ir na missa. Agora a cidade é muderna, cheia de fabrica, uns prédio arto e bunito quez tão custruindo agora se pricisa de vê. Eu Táviano nasci aqui, fui criadu aqui e moro aqui, mau pai era fazendero tinha um mundo vei de terra e gado, mas num tinha luxo ninhum. Hoje é muito mio, lá na minha casa nois tem cilula, televisão daquelas grande e tem inte aquela antininha que parece fia de parabólica e fica pregada na parede do lado de fora. A Caminha minha muie num sei só seis sabe é prufessora lá naquela escola Alice Cândida lá no Romeu Duarte, intão nois tem inte interneta pra ela faze as pisquisa dela.
Ta ai uma das grade inversão do home, essa tão de interneta, esses dia a Carminha tava me insinano a lida caquele troço.
_É assim Táviano, ela falava. ocê digita aqui o que se que sabe e dispois perta  aqui, ai aparece aqui. Achei muito interessante aquilo. Tudo que eu quisesse sabe, e cumo eu não era nem um puquinho curioso já fui logo mexeno.
Inte que eu duminei bem aquele negoço, mas cabei foi rumano problema pur carsa daquele trem. Iscurta só pro se vê. Teve um dia que a Carminha tava trabaiano e eu tava suzinho im casa, intão eu liguei a interneta e fiquei lá pisquisano. Num é assim quês fala. Intão, eu tava lá e dirrepente apareceu uma mensagi na tela, falanu:
Venha para nossa sala, aqui esta cheio de pessoas querendo conhece você. (clique aqui) intão eu cliquei e abriu uma tela pirguntano: você é homem ou mulher? Home é claro. Gostaria de fala com home ou mulher? Interneta faz cada pirgunta pra genrte, muie. Eu falei prela. Qual a idade que você gostaria, de 18 a 25 de 25 a 35 de 35 a 45 ou acima? Eu pinsei, pinsei e cumo eu já to ficano cus dente bambo, e num tava pudeno cume carne dura mais fui, nu primero, mas lá ninguém quis sabe de prosa cumigo não, intão eu fui pro próximo. Tamem nu rumei nada não. No de 25 a 35 eu ranjo argúem. Essa sala tava chei de muie, mas ninhuma deles gosto do COROÃO INCHURTO que nem eu culoquei la. U jeito intão é prucura uma COROA INCHURTA tamem.
_Ola qual é o seu nome? Uma lá me pirgunto assim queu intrei.
_Táviano. Rispundi pra ela.
_]Você mora onde Táviano?
_Aqui em Nova Serrana.
_Não eu perguntei o bairro.ela falo.
_Na rua Padre Juse Luiz perto do campo do Narcional. Intão eu pirguntei o nome dela, “Judite” ela disse e nois fico na mior prosa. _gostei docê Jurditi, quero te cunhece pessuarmente. Eu juguei a minha lábia de cunquistado pra cima dela.
_Você escolhi, quando e onde.
_Hoje a noite lá no jardins do lago. Eu falei prela.
_Estão ate mais tarde. Ela rispundeu. Beleza é hoje queu do um tombo na Carminha.
Cheguei lá na lagoa na hora marcada, oito horas, a Carminha tinha ido pra cunferença das muie lá da igreja e eu tava tranqüilo, tranqüilo. Sentei num daques banco que tinha lá e fiquei oiano pros lado, eu não cunhecia a Jurditi, mas sabia que ela era loira e tinha mais de quarenta. Intao pareceu uma muie lora usano uma carsa colada e uma sapato sarto arto lá do otro lada da lagoa. Ela deu uma oiada pra mim e sento. Eu mais que dipresa pulei du banco e fui la.
_Opa, boa noite procê. Eu falei.
_Boa noite. Ela rispundeu pra mim.
_Seu nome é Jurditi?
_É, e você é o Taviano.
_Eu memu. Eu peguei na mão dela e pensei. “to feito.” A muie era uma loirona bunita e cherosa, e tava usano uma carsa justinha. Dispois que tira pode cai tudo, mas que ela tava rumada caquela carsa, há isso tava.  _Vamos dar uma vorta? Eu falei prela, e nois cumeço a anda e cunversa invorta da lagoa, eu já tava quase ganhano, ela tinha inte dexado eu culoca a mão invorta da cintura dela, quando um carro deu uma freada daquela que chega inte a fede burracha quemada lá na rua, ai eu iscurtei um truvejado vindo lá de dentro do carro.
_Távia......no. Eu sinti inte meu pe gela na hora. To morto. Divinha só quem era. _Táviano seu cachorro safado, que co cê ta fazeno ai. Era a Carminha, ela largo o carro parado no meio da rua ca porta aberta e vei cum tudo pracima deu.
_Carma Carminha num é isso não. Eu falei prela, mas ela num mim iscuto não. Ela deu um purão nemim queu disiquilibrei e tupessei num daqueles arco de ferro que tem invorta da lagoa, e prantei de fusa la dentro dela. Quando eu cunsigui pruma de novo a Carminha tava incima da lorona. Arguma vez ocê já viu dispena uma galinha. Intão, tava iguarsinho, a Carminha rancava cabelo cum pedaço de ropa e jugava tudo pracima.
 Eu num seu proque eu fui brinca ca Carminha, teve uma vez que eu não me lembro u que eu tinha feito, só lembro que eu cordei de madrugada e ela tava cuma faca dessas de corta carne, paradinha na minha frente bateno ela na mão.  Eu quase murri de sustu, a primera coisa que eu fiz foi leva a mão lá pra vê se tava fratano argum pedaço.
_Mim ajuda aqui. A lorona gritava. Eu. Sai de finil. Gastei um méis pra mansa a Carminha de novo, e até hoje eu iscondo as faca pra pode durmi.



                                                                                                           Betinho

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